A Eletromiografia (EMG) é uma técnica que permite
realizar o processamento dos sinais elétricos gerados pela despolarização das
células musculares, possibilitando a análise muscular durante o movimento.
Para entender o funcionamento dessa técnica, a
coleta e análise dos dados eletromiográficos, é preciso destacar a seleção dos
eletrodos e a impedância da pele, a amplificação diferencial e rejeição do modo
comum, o processamento do sinal eletromiográfico e, a quantificação do sinal e
normalização.
COLETA DOS DADOS ELETROMIOGRÁFICOS
- Seleção dos eletrodos e impedância da pele
A energia gerada é detectada pelos eletrodos que,
dependendo do músculo a ser avaliado, podem ser classificados como eletrodos de
superfície ou eletrodos intramusculares. Para a análise de músculos
superficiais, os eletrodos de superfície são os mais recomendados uma vez que
não causam desconforto na coleta de dados. Já para análise de músculos mais
profundos, os eletrodos intramusculares são os mais utilizados para evitar
interferências dos músculos que se encontram mais superficialmente.
Os eletrodos de superfície podem ser classificados
em eletrodos passivos e eletrodos ativos. No caso dos eletrodos passivos, a
pele constitui-se uma barreira entre o potencial de ação das células musculares
e os eletrodos. Dessa forma, a impedância da pela (ou resistência imposta a
passagem de corrente para o eletrodo), deve ser considerada. A medida
eletromiográfica adequada, está entre os valores de 5.000ohms e 10.000ohms
devem ser obtidos. Para se atingir tais valores, a preparação da pele deve ser
feita com a retirada dos pêlos, lavagem com água e sabão e leve abrasão com
álcool.
Os eletrodos ativos possuem um pré-amplificador que
amplifica os sinais eletromiográficos, diminuindo a impedância da pele
possibilitando a preparação através de uma simples limpeza com álcool.
- Amplificação diferencial e rejeição do modo comum
Para se realizar a ampliação diferencial, três
eletrodos são utilizados sendo dois de detecção do sinal e um de referência. Os
eletrodos de detecção do sinal são colocados no músculo de interesse, enquanto
os de referência em qualquer proeminência óssea do corpo. A energia detectada
pelo eletrodo de detecção (sinais eletromiográficos externos mais potencial de
ação das células musculares) é comparada com a do eletrodo de referência
(sinais eletromiográficos externos). Apenas o sinal do potencial de ação gerado
pelas células musculares é amplificado e registrado (ampliação diferencial). Já
o sinal comum aos dois eletrodos (o modo comum) é descartado do processo. O
modo comum, geralmente vem de sinais eletromiográficos externos, como a
corrente de 60Hz captada por lâmpadas ou outros equipamentos externos.
- Processamento do sinal eletromiográfico
Antes de serem analisados, os dados
eletromiográficos passam por uma série de processamentos. O primeiro nível de
processamento é a filtragem do sinal.
A maioria dos instrumentos de EMG possuem em sua
base um filtro de sinal denominado notch filter, que possui a
função de registrar qualquer sinal entre 50Hz e 61Hz. É eliminado do processo
qualquer sinal oriundo dessa frequência, uma vez que a maioria dos sinais do
ambiente encontra-se em valores próximos de 60Hz.
Outro filtro bastante utilizado é o band
pass filter. Esse filtro elimina do processo qualquer sinal abaixo de 20Hz
e acima de 300Hz, com o intuito de captar valores entre essas frequências, uma
vez que 80% do sinal muscular encontra nessa amplitude.
Ainda nessa fase, a retificação constitui outro
ponto. Como a energia captada pelo eletromiógrafo é de corrente alternada, onde
todo sinal positivo é acompanhando de um sinal negativo, todo o sinal negativo
é transformado em sinal positivo, não importando a polaridade, mas sim a magnitude
do sinal eletromiográfico.
ANÁLISE DOS DADOS ELETROMIOGRÁFICOS
- Quantificação do sinal
A quantificação do sinal é o primeiro processo de
análise dos dados eletromiográficos. Existem dois meios principais de
derivação dos dados: a eletromiografia integrada (IEMG) e a Root Mean Square
(RMS). A IEMG é a medida tomada pela soma dos produtos da intensidade
eletromiográfica pela frequência de coleta. Enquanto RMS é a elevação ao
quadrado dos dados obtidos, sendo assim se obtêm a média dos valores resultantes
e extrai-se a raiz quadrada do valor médio obtido.
- Normalização
A comparação de valores eletromiográficos intra e
interindivíduos é potencialmente problemática. A EMG sofre influência de
diversos fatores que determinarão a quantidade de energia que será registrada
pelos eletrodos do eletromiógrafo. Alguns dos fatores podem influenciar a
detecção do sinal eletromiográfico e, consequentemente, sua comparação,
incluem: a espessura do tecido adiposo subcutâneo, velocidade de contração,
área de secção transversa do músculo, idade, sexo, mudanças súbitas de postura,
distância entre os eletrodos, diferenças antropométricas entre os locais de
coleta e impedância da pele.
Normalização é o nome do processo que foi
desenvolvido para lidar com os fatores que interferem no sinal eletromiográfico
e que dificultam as comparações intra e interindivíduos, em que se referencia o
dado eletromiográfico a um valor padrão. Existem diversos valores possíveis de
serem utilizados e eles podem ser obtidos durante as contrações dinâmicas e
estáticas.
A EMG tem sido uma excelente ferramenta adequada
para o registro da atividade elétrica muscular uma vez que diversos fatores de
quantificação e normatização sejam considerados, principalmente em estudos que
envolvem o movimento humano.
Parte Prática
Na parte prática, uma aluna foi parte do estudo, onde ela realizava uma flexão de cotovelo com 2 e 5 quilos, se via a diferença de ativação muscular com os diferentes pesos.
Logo após, fizemos também uma contração concêntrica e uma contração isométrica, e observamos as diferenças de ativação neuromuscular.